Não existe nada mais reconfortante que uma xícara de café, chá ou chocolate, bem quente, em pleno inverno.
Sabe, aquele momento em que você dá o primeiro gole e segura a xícara com as duas mãos, próximo do peito, apenas sentindo aquele calorzinho gostoso tomar as suas mãos? Esse mesmo.
Creio que as pessoas podem ter a sensação que a xícara teria caso sentisse algo. Aquele conforto e segurança que permite que você emane esse calor, aquele momento em que você apenas se sente seguro, como se o mundo inteiro sumisse, ou como se o mundo fosse apenas um cenário inofensivo para que você possa viver a vontade.
Pra mim esse momento é quando sinto mãos seguras, apenas apoiadas na curva da minha cintura, com a mão no meio das minhas costas. Não precisa pressão, força, nem nada, apenas a mão do jeitinho certo, que pode me conduzir, proteger ou iniciar um abraço sem fazer qualquer esforço.
Eu gosto de me sentir como a xícara, até porque gosto da sensação que a xícara me dá. A sensação de que estou num mundinho só meu, e da xícara, onde a felicidade é tão simples que se encontra em uma xícara de chocolate quente. A segurança de que ela, mesmo pequena e singela será o suficiente para me aquecer por dentro e por fora. E a alma.
O problema de sentir-se a xícara é saber que quando você mais precisa ser a xícara não haverá nenhum café a ser servido.
Quem dera eu fosse uma xícara de chocolate quente, em pleno inverno, numa tarde preguiçosa e chuvosa para sentir-me tão segura quanto gostaria, mas o inverno não dura para sempre
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