domingo, 20 de maio de 2012

Ensaio sobre o medo


Estou com medo. Sério.

Acho que a única coisa da qual realmente eu tenho medo é a de parecer uma completa idiota. E cá estou eu, parecendo uma.

É difícil encerrar uma rodada de textos filosóficos, sentimentais, profundos, poéticos e fundamentados sabendo que dessa galera eu sou a única que não tem mania de escrever, sou uma pessoa de desenhos e cores, não de palavras e frases de efeito.
Também sou a única que não é paulista, a única que não parece meio maníaco-depressiva (o que nesse caso é um elogio aos maníacos depressivos desse blog por eles escreverem bem), a única que é meio caipira, ou seja, a única que não se encaixa. Por isso estou com medo. Na verdade muito medo. O que faz parecer ainda mais idiota. O medo.

O medo em si é uma coisa totalmente e absurdamente idiota, embora seja essencial para o ser humano. Seria complicado viver em um mundo sem medos, afinal o medo é a primeira alavanca de defesa do ser humano e, ao mesmo tempo, a primeira alavanca de impulso. Ninguém faz algo espontâneo por medo, mas o medo de dar errado está lá e é o que faz mais interessante.

Pensando bem, o medo é o pai do inesperado.
Ou seria o irmão mais velho?

O medo causa as melhores e mais incríveis expressões de “inesperabilidade” (nem sei se isso existe, mas agora eu inventei isso), nos traz reações diferentes, respostas inusitadas e surpreendentes, faz a mais covarde das pessoas se mostrar forte, faz valentões parecerem crianças, faz de uma ida a padaria uma aventura inigualável.

Eu amo o medo e o caos causado por ele.

Existem medos ridículos (pelo menos eu os considero assim) como medo de borboleta ou joaninha, porque eles são tão bonitinhos, e pequenininhos e inofensivos que chega a ser estúpido ter medo disso. Também acho ridículo o medo de vacas, elas são apenas vacas e estão lá, apenas “vaqueando” (sei que inventei outra palavra). O necessário é deixar claro que falo de medo, não de fobias. Fobias são doenças e são sérias (por mais que pareçam estúpidas) e não se enquadram nessa discussão.
O medo está mais para uma sensação gostosa de desafio e adrenalina seriamente misturada com a ansiedade e a empolgação, um arrepio leve na pele, se fosse um gosto seria algo entre a canela e a pimenta, talvez lembrando levemente a chocolate.
Eu gosto de canela, acho que é por isso que me atrevo a escrever no mesmo blog que esse povo (que manda muito bem), e a pimenta me atrai, quem sabe é por isso que sou impetuosa, tempestuosa e atrevida. Acho que a ideia de chocolate com pimenta é a minha alavanca principal sobre o medo. Aquele frio na barriga, o silêncio antes do susto no filme de terror.

No final das contas, acho que gosto de sentir medo.
Olhando bem agora, acho que o medo meio que passou. 

2 comentários:

  1. O medo é necessario em diversos momentos, mas melhor do que não querer sentir medo, é aprender a conviver e tirar proveito dos seus medos. assim vamos nos construindo.

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