sábado, 20 de outubro de 2012

Avenida Brasil, esquina com a Alienação

Vou ser curta e grossa.A NOVELA É A BURRALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ALIENADA.Pronto.

Mas agora esclarecerei. Não é culpa apenas das emissoras de TV, mas sim das más condições cedidas pelos governos às populações, a falta de estrutura básica, a falta de condições, a falta de acesso a cultura. a falta.

Mas o que mais me incomoda nessa história toda são os falsos revoltados que apenas reclamam das coisas sem ao menos se prestar a analisar as situações. Hoje a população brasileira encontra-se numa situação de imensa alienação cultural, que apenas adere a aquilo que é vendido nos meios de comunicação de massa, aquilo que é bonito, que agrada aos olhos, que é fácil de entender, que não é difícil explicar, que pode deixar a vida mais prática.

Afinal, todas querem ser uma Suelen, mas ninguém quer ser chamada de piriguete e de vagabunda na rua, todos querem ser um Darkson e conquistar a sua Tessália, mas ninguém que ser a chacota da galera ou algo assim. Ser o personagem inteligente, ninguém quer.

A vida fácil é o que move a população, mas porque? Por que a vida real já é difícil demais. O segredo do sucesso do bairro do Divino (devo admitir muito bem elaborado na trama) deu-se não pelas características que o faziam parecer real, não apenas pelos seus personagens simples, mas sim por ser um bairro tranquilo. Quantas vezes você viu um personagem reclamando de assalto? Quantas imagens de esgoto a céu aberto você viu? Quantos trombadinhas apareceram? Não, os mandados pelo Max e pela Carminha não conta.O que a população quer é sonhar com a vida fácil e sem problemas, onde você pode sair de casa sem trancar nada porque nenhum trombadinha vai invadir, que o único problema que você tem é que o seu namorado burro, mas lindo de doer, está em cima de uma árvore a dois dias gritando o seu nome pois você está brava com ele (e até nisso você sonha). 

O cotidiano da população é sofrível demais, e isso é o que permite esse encantamento da população com as novelas (as boas diga-se de passagem). O nome disso é Imagem refletida. O telespectador reflete sobre o personagem, sua vida e sua trama a própria imagem, e passa a se imaginar como ele. É uma forma simples de tentar melhorar a vida, é a forma mais fácil de aliviar o stress e imaginar que a vida pode ser mais fácil. E muitas vezes se acaba acreditando nisso. E assim surgem as tendencias.

E eu ainda tenho que ouvir que o país é dominado pelas "famílias Marinho, Santos e Record"! Não bastasse a pessoa não saber que as famílias Marinho, Abravanel e Macedo apenas querem encher seus bolsos, ainda os culpa pelas atitudes da população.

Não estou defendendo ninguém, apenas explicando que as políticas governamentais mal estruturadas permitem que isso. Não estou de maneira alguma defendendo as emissoras de televisão que apenas estão ganhando o seu dinheiro, estou sim defendendo a idéia de que, se as políticas públicas fossem melhor elaboradas e mais estruturadas, mais incentivo na educação e na cultura, garanto que a história seria outra afinal, quem sabe grandes clássicos como é o caso de Gabriela de Jorge Amado ou Anna Karenina de Tolstói.

A questão é que a cultura popular, mesmo vulgarizada, é o que permite que a população consiga se reerguer e continue a lutar pela sobrevivência. Acredito fielmente que, se tivéssemos mais educação, cultura e condições as emissoras não inventariam histórias onde a menina pobre volta pra se vingar da madrasta e sair como mocinha na história, mas sim estaria filmando sobre obras clássicas como as que já sitei. 

As famílias Marinho, Abravanel e Macedo são apenas donas das emissoras. Os grandes culpados são os Senhores José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros tantos que enriquecem com o nosso suado dinheirinho que deveria ser encaminhado para saúde, educação, cultura. E pela Burralização da população, você deveria culpar a família Bone e todos os seus seguidores  responsáveis pela BURRALIZAÇÃO da população com programas como o Big Brother Brasil que alienam a população sem nenhum incentivo cultural, diferente do que foi Avenida Brasil, que deu destaque a livros de grandes autores como Dostoievski e Tolstói, dois grandes clássicos russos. É fácil criticar quando não se sabe separar as coisas. Eu como publicitária aprendi a duras custas que cultura popular e burralização da população são facilmente misturadas, mas se separadas e a cultura focalizada a população só tem a ganhar.


Pra uma novela fazer o 1 bilhão de reais em publicidade (intervalos comerciais e merchandising) que Avenida Brasil vez a população tem que se identificar com ela de alguma maneira. O bairro do divino foi fielmente estudado para fazer você lembrar do seu bairro e sentir-se em casa. Isso é cultura popular. A forma de agir de cada personagem do subúrbio e a atitude das madames da zona sul foram estudadas para que você perceba como é o brasileiro e queira ser tão feliz quanto eles. Isso é cultura. Se a cultura popular não for estudada, a emissora não faz rios de dinheiro.


Acredito sim que a população poderia ir muito mais longe se fosse motivada para isso, se as políticas públicas direcionassem o pensamento. Hoje, é muito mais fácil sentar no sofá e ligar um botão do que ler um livro de 500 páginas com palavras difíceis. E pro governo é até melhor que a população não se interesse. É um ciclo vicioso.

Meu sonho é ver a população com nível para entender tramas como Os Miseráveis e O príncipe, entendendo a profundidade de Luis Fernando Veríssimo com sua Comédia da Vida Privada, a sedução de Nelson Rodrigues em A vida como ela é, que consiga encarar de frente a simplicidade e a maturidade de O pequeno Príncipe. Mas pra isso, ainda tem muito chão.

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