domingo, 9 de dezembro de 2012

A fantástica fábrica de opniões pré-moldadas

Pras cucuias com o que você pensa. Pro quinto dos infernos com os seus conceitos pré moldados.
Eu li o  tons de cinza. Desculpe pela explosão.

Essa semana tive a oportunidade de começar a ler o tão criticado/amado/curioso 50 tons de cinza, e confesso que estava intrigada com as diversas críticas, comentários, conversas, indicações e não indicações que tenho ouvido sobre esse livro, mas duas delas foram cruciais para que eu o desejasse como foco de leitura.

Tem algum tempo que ouço falar desse livro, e como já disse o Gabriel, o pensador em outra oportunidade sobre outro assunto, "dizem que é do bom, dizem que não presta", mas a curiosidade matou o gato me atiçou. Uma grande amiga minha me indicou o livro como "reflexivo, interessante, excitante e sensual" dizendo que se tratava de uma descoberta, e uma colega de trabalho (que nunca me desceu pelas suas opiniões fechadas e carregada de pré-conceitos e preconceitos) me disse que o livro era "nojento, depravante, que trata de uma menina que faz o que o cara quer pelo dinheiro dele" e sentiu-se degradada pela forma que ele fala de sexo.

Confesso que ao começar a lê-lo cuidei ao máximo para não mostrar a capa do livro, justamente para evitar esse olhar de desconfiança ou de  preconceito, mas isso apenas por eu ainda não ter uma opinião formada sobre o livro e que eu pudesse responder.

No decorrer dessa leitura me deparei com 3 fatores que mudaram a minha vida, NOT me ajudaram a perceber como as pessoas formam opiniões e criam conceitos pré formulados, sobre as coisas pelo simples fato de ELAS não estarem bem resolvidas consigo mesmas, e não se permitem conhecer o que lhes parece inconformável. Para que possam entender o porque de tanta repercussão sobre esse livro: O personagem principal é um ricaço com problemas pessoais e adepto do masoquismo. A personagem principal é uma garota virgem, romântica, que se apaixonada por ele e que decide se entregar a ele....

Deixa eu ver se descobri qual foi o conceito que você deve ter tirado dessa prévia: Ela se entregou ao sadomasoquista porque ele tem muito dinheiro. Mas não. Não é disso que fala a história. Mostra os conflitos pessoais de uma garota que se apaixona perdidamente por um cara que é todo problemas e que ela não sabe como lidar com isso, de todo o dinheiro (que ela não gosta dos gastos dele com ela) e que ela se encontra em um frenesi sexual de sua primeira relação. Ele é um cara com problemas crônicos, que só conhece uma forma de fazer sexo, mas que se apaixona perdidamente por uma garota que é inocente de tudo e que faz ele começar a mudar, e se permitir aproximar-se de alguém não como dominador, mas como um namorado.

Meio clichê. Olhando agora, acho que jamais leria esse livro se tivesse encontrado essa minha resenha...
Bem, não vem ao caso, concordo que tem trechos de narração de sexo explícito, que são muito bem montadas, e são essas cenas que causaram o reboliço, ela descreve com perfeição de detalhes o frenesi, as sensações, as nuances, os toques e sentimentos de todo o ato, desde a eletricidade do toque antes do beijo, até os calafrios e a moleza pós orgasmo. Desse ponto eu percebi que, a mim, e a outros que estão bem com suas vidas sexuais, os detalhes do livro não perturbam  e muito menos são destoantes, na realidade ele até se torna um pouco cômico com as situações cotidianas de um mandão que tenta por na linha uma cabeça dura.

Ao tachar o livro como pornográfico, agressivo ou nojento, as pessoas estão apenas se fechando a parte sexual da história. NINGUÉM acredita em histórias de casais que não parecem reais, trazer o sexo de forma tão pontual e detalhada apenas trás mais veracidade a história. Todos estão cansados de livros, histórias, filmes que os casais nunca transam, que as brigas de ciumes quebram a casa, e onde "apanhar durante o sexo" remete a roupas de couro, chicotes e sangue. VAMOS E VOLTAMOS, toda mulher bem resolvida gosta de tomar um tapa durante a transa, gosta que lhe deem uma puxadinha no cabelo quando é beijada, gosta de ser presa nos braços do seu homem e gosta de ser dominada na cama (esse ultimo salvo as dominatrixes que dominam seus homens, mas se sentem seguras assim e esse é o ponto).

Entretanto, as pessoas que não são tão bem resolvidas o pensamento de tomar uma palmada pode até ser excitante, mas é inadmissível. Mas apenas porque não conseguem separar as questões e nunca tiveram uma situação dessas, ou pois consideram que seja errado que as emoções e misturem. E acabam sendo extremamente agressivas e preconceituosas sobre esses padrões, nunca tiveram a oportunidade de arriscar em algo. Existem pesquisas que dizem que um dos maiores fetiches entre as mulheres é transar com pessoas que elas não conhecem, ou que desejam sexo selvagem. SIM É NORMAL, geralmente medo gera tesão.

E isso se aplica aos mais diversos assuntos, religiosos com ateus, vegans com comedores de carne, as pessoas criam conceitos pré-moldados e formulações socialmente aceitas para padrões que não deveriam existir e vestem carapuças que não são suas. Muitas das pessoas que vejo criticando o livro falam das questões sexuais, não da formulação da história, muitos dos vegans que reclamam dos comedores de carne é pela questão de matar animais, não pela saúde, muitos dos religiosos que atacam aos ateus é pelo não acreditar em algo. Conceitos pré-moldados na fábrica medíocre da sociedade.

Mais vale uma opinião sincera sobre algo que você não goste, do que fingir não gostar de algo por que a sociedade taxa como errado. Rever conceitos? Não... Apenas assumir suas próprias opiniões.

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