domingo, 11 de novembro de 2012

Crônica da vida privada.

Na última semana me meti em uma enrascada fenomenal, e consegui voltar atrás e organizar a bagunça que fiz. Eu ia dividir o meu quarto com uma amiga que gosto muito e em quem confio muito, porém que deu bobeira na hora de escolher o local. Pra colaborar com a coisas eu estava no meio de uma crise de identidade/depressão/aceitação que não me favoreceu muito na hora de me organizar, porém, me fez valorizar e muito uma coisa que eu AMAVA quando cheguei em São Paulo: A minha privacidade.

Pra quem me conhece do dia-a-dia vai estranhar, e muito, o que vou dizer agora: Eu adoro ficar sozinha.
Desde que me conheço por gente sou uma pessoa extremamente sociável e social, que adora um furdunço, uma bagunça, um movimento, mas desde que eu descobri as maravilhas de ficar sozinha (isso quando eu ainda dividia apartamento com a minha irmã e com um amigo em Xanxerê) que primo por alguns momentos de extrema solidão e introspecção.

Não existe nada melhor do que poder concentrar-se em apenas você mesmo, sabendo que não será perturbado, não será avaliado ou coisa assim. Confesso que desde que vim morar em São Paulo eu meio que surtei e esqueci dessa minha necessidade, até por que eu ficava todas as noites sozinha, podendo ficar acordada até a hora que eu quisesse, fazendo o que eu quisesse e do jeito que eu quisesse. E essa ausência de alguém por perto me deixou meio que depressiva.

Depois dessas 24 horas dividindo um quarto com alguém, me relembrei de como é bom estar sozinha, e mais do que nunca estou valorizando meus momentos a sós. É até estranho, por que, as vezes, bate aquela solidão, então penso no que passei, no que aconteceu, nas coisas que me atingiram tão rápido, que a única coisa que consigo fazer é agradecer pela minha privacidade, pelo meu cantinho, por estar só.

Tenho uma pessoa muito especial na minha vida, que vive me dizendo que precisa ficar só, porém não tem essa liberdade, não consegue se manter trancafiado no seu canto, isso pois essa pessoa ainda mora com os pais, com a presença constante dos irmãos e os conflitos familiares. Sei bem como é isso, quando se tem os pais e os irmãos em casa, você não consegue ficar isolado sem alguém vir te torrar os pacovás, sei disso pois cresci numa casa onde eu dividia o quarto com minha irmã, tinha um irmão mais novo que não sabia bater na porta do quarto, uma mãe que vivia gritando pra todos os cantos da casa tudo que ela precisava que a gente fizesse e um pai que não me deixava ficar com a porta do quarto fechada, trancar a chave então era sentença de morte.

Tendo esse panorama da pra entender como eu adoro a minha solidão, e tenho a necessidade de ficar sozinha, apenas comigo e com meus pensamentos. Me ajuda a por a cabeça em ordem, a agir com mais calma e a respirar melhor as minhas idéias. Não culpo ninguém por isso, apenas agradeço sempre que posso a essa tranquilidade.

Cada vez mais vejo pessoas juntando-se para dividir quartos, apartamentos, casas e vidas, não digo que não quero dividir a minha vida com meus amigos, apenas que não entendo como as pessoas podem não querer ficar sozinhas, não querer avaliar o que fazem e o que podem fazer, ou simplesmente se dar tempo para si, para pensar.

Pensando nisso tenho uma amiga que é exatamente assim, ela ocupa todo o tempo dela com coisas inúteis e momentos onde ela não pode e nem se permite ficar sozinha e pensar na própria vida. Ela sempre procura dividir quartos, passar o tempo livre no telefone com o namorado ou com alguém (toda vez que conversamos tenho que cortá-la pois estou pegando uma raiva características de telefone exceto na tpm que não consigo evitar), ela faz 30 atividades ao mesmo tempo e não consegue se focar em nenhuma. Realmente não sei os motivos dela para isso, mas ela evita a todo custo filosofar sobre a própria vida. Acredito que ela esteja em negação, mas não vem ao caso.

Vejo como uma necessidade do ser humano, a introspecção, não sei porque, mas acredito que todos deveriam pelo menos uma vez por semana, sentar, sem nada programado, e apenas ficar sozinho e fazer algo que lhe faça filosofar, lhe faça pensar no que faz ou deixa de fazer. Talvez seja apenas um mal da parte pensante da sociedade. Quem dera fosse dela toda.

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